domingo, 23 de dezembro de 2018

FELIZ NATAL

Que tenham um Natal de paz, amor e união.


São os votos do Mil Maneiras e meus 
a todos vocês.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

ESMIUÇANDO OS NÍVEIS DOS GRAUS

Dentro dos diferentes graus existem o que os estudiosos chamam de NÍVEIS. Esses níveis nada mais são do que uma escala progressiva de dificuldades, partindo de um espectro autista fraquíssimo (no limiar da normalidade) até os casos mais grave ou severo.


Assim, entre um grau e outro existem vários níveis do espectro autista que vai de um extremo ao outro. De um lado os menos afetados e do outro, muita afetação do espectro. Seguindo esse raciocínio, podemos observar que uns não falam nada, mas ouvem; outros que falam com mais dificuldade e os que falam bem e fluente. Há os que não conseguem ler, os que decodificam os sinais e os que leem, compreendem parcialmente o que leram. Há ainda outras questões envolvidas como os que têm e os que não apresentam estereotipias, os mais pacíficos e os mais agressivos etc.

PARA QUE SERVEM OS NÍVEIS?

Além de nos mostrar como agem os autistas em cada grau e na variação que ocorre em cada um, os níveis nos mostram também a quantidade de “apoio” os autistas devem receber em cada grau. Desse modo, os autistas severos precisam de maior apoio que os moderados e, estes, mais apoio que os autistas leves. O mesmo ocorre com os níveis dentro de cada grau.

Diante do exposto podemos imaginar como é difícil e demorado para diagnosticar uma pessoa com autismo. Porém, é muito mais difícil quando se trata dos autistas que estão muito próximos da linha de “normalidade”. Isto porque muitos comportamentos podem ser confundidos com excentricidade, como timidez, desatenção ou outras explicações. Nesses casos, os movimentos repetitivos e estranhos não aparecem, mas a fixação a um objeto, sim e pode ser qualquer coisa: não largam o videogame, o celular, um objeto de estimação, um livro ou um cobertor. Esses objetos, conhecidos como objetos de apego, ajudam a acalmar e a tranquilizar os autistas. Podemos afirmar que:

GRAU SEVERO

Os autistas de grau severo são os mais afetados por haver grande prejuízo na verbal e não-verbal (gestos, desenhos), com grandes limitações na interação com as pessoas e quase nenhuma resposta em relação com os outros. Vivem numa espécie de estado catatônico, uma espécie de perturbação psicomotora psicológica ou neurológica, que deixa o indivíduo passivo (que perde a capacidade de manter a rotina que tinha antes) e com uma imobilidade prolongada, fica mudo (perdendo a capacidade de falar embora não seja surdo) e com rigidez corporal ou com grande agitação. É resistente a mudanças no ambiente e na rotina ou as que interferem diretamente em vários contextos de suas vidas. As mudanças de foco causam resistências e aumentam o nível de estresse. Os movimentos motores são repetitivos e restritivos.

Em outras palavras, o indivíduo fica alheio ao mundo, não reage a nenhum tipo de estímulo e seu olhar é vago, parecendo olhar para o nada. Não se conecta com ninguém, nem mesmo as pessoas mais próximas que são os pais. Essa extrema dificuldade que é involuntária e sem controle do indivíduo. 

Podem aprender a ler, escrever e contar? Não. No entanto, os que estão mais próximos do extremo moderado, podem aprender habilidades como comer sozinho, vestir-se, calçar sapatos etc.

GRAU MODERADO



Já os de grau moderado encontramos indivíduos com um déficit considerável nas comunicações verbais e não-verbais. Embora as palavras não podem ser fluentes, eles conseguem repetir o que ouvem dito por outra (s) pessoa(s). Essa repetição funciona como um eco, daí receber o nome de “ecolalia”. Ex: Pode-se perceber ainda que em outros casos, as respostas são mais simples. Usando o mesmo exemplo para que se vislumbre uma diferenciação, alguém diz: - “Você tomou o leite”? E o autista responde: - “Leite”.

Como se pode perceber por esses exemplos, o prejuízo dessa comunicação é inquestionável. No entanto, existe um avanço na quantidade de palavras retidas no primeiro exemplo do que no segundo caso. Mas, ainda assim, a comunicação é reduzida e atípica.

No comportamento social, ainda apresente uma certa dificuldade com relação a interação e mudanças na rotina e em lidar com isso. Ocorrem os movimentos repetitivos e também podem ocorrer as “ecopaxias”, ou seja, a imitação dos gestos dos outros. É ainda verificada a dificuldade na manutenção do foco em tarefas simples e a facilidade que tem de estressar-se. Podem aprender a ler, escrever e contar? Sim. Mas apenas como decodificação dos símbolos (letras e números). Melhora quando se aproxima do extremo na direção do grau leve.

GRAU LEVE

Todos os autistas do grau leve são considerados inteligentes. E quanto mais próximos do limiar da “normalidade” mais inteligentes serão, sendo o contrário, também verdadeiro. Estes autistas conseguem aprender a ler, escrever e calcular. Mas, em alguns casos, a interpretação e compreensão da leitura fica comprometida.

impressionante neste grau é que muitos autistas se destacam pelo aprofundamento sob um tema, lendo e gravando muitas informações sobre o tema escolhido. Nesse sentido, os temas são os mais variados. 

Outros se encantam pela música, pelos esportes ou artes. Gostam de falar sobre esses assuntos e dão verdadeiras aulas usando as informações que possuem e pela facilidade em memorizá-las. E entre eles, se encaixam os Asperger, que veremos em breve.

domingo, 16 de dezembro de 2018

ESMIUÇANDO OS GRAUS DO AUTISMO

Em primeiro lugar, é preciso informar que o autismo não tem cura. Ou seja, uma vez autista, continuará sendo pelo resto da vida. Geralmente, os autistas são observados pelas famílias, familiares e professores, possibilitando serem diagnosticados entre os 3 a 5 anos. No entanto, esta não é uma regra fixa, pois muitos outros são diagnosticados bem mais tarde como na puberdade, adolescência ou na idade adulta, já que esse transtorno está em todas as fases da vida. O que ocorre é que, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será a qualidade de vida desse sujeito.

Os sujeitos diagnosticados como autistas possuem características comuns a todos os graus e níveis pelos quais o diagnóstico é realizado. As principais características do autismo são: dificuldades na interação social, na comunicação e no comportamento. Mas como saber isso para observar?
1) DIFICULDADES NA INTERAÇÃO SOCIAL



Entende-se por interação social todas as formas como as pessoas se relacionam umas com as outras e como elas agem entre si. Lembrando sempre que é uma condição do espectro e não como um ato voluntário, os autistas encontram dificuldades nesse relacionamento e na interação. Uns encontram mais dificuldades que outros e não se encontra dois autistas que ajam da mesma maneira. Portanto, afirmar que cada autista é único em sua forma de ser e agir, é verdadeiro.


As características mais gerais são:

a) mostram-se indiferentes às pessoas, mesmo estando em meio a elas. É como se ignorassem a presença das pessoas ao seu redor. Os autistas, na maioria das vezes, parecem não perceber que existem pessoas à sua volta. Obs: os de grau leve são mais sociáveis, se relacionam e interagem com os outros de forma mais adequada.

b) parecem não perceber ou não se incomodar com os sentimentos das pessoas, como por exemplo: se estão tristes, alegres, bravos, doentes etc.

c) evitam o contato visual com as pessoas, porque quando as pessoas forçam este tipo de olhar, os autistas se sentem ameaçados e invadidos. 

d) passam muito tempo sozinhos (isolamento) como se estivessem absorvidos por algum pensamento. Ou se afastam quando estão em um grupo. Um bom jeito de contornar esta situação é olhar para a ponta do nariz deles.

e) brincam sós e sempre com as mesmas coisas, sejam elas brinquedos ou um objeto qualquer (coisas que giram, espelhos, animais etc). E com eles passam muitas horas (hiperfoco). Um fato interessante é que, quando um objeto sai do seu campo visual, os autistas não os procuram. É como se deixassem de existir.


2) DIFICULDADES NO COMPORTAMENTO

Além do isolamento que também é um tipo de comportamento, os autistas podem:

a) se batem ou esbarram em alguém acidentalmente, não pedem desculpas, porque não conseguem perceber as regras sociais.

b) rirem ou repetem palavras e frases inadequadas e/ou improprias em momentos inoportunos, como por exemplo, gargalhar num velório ou xingar e/ou ofender pessoas desconhecidas.

c) demonstram não sentir dor, nem sentir frio, fome/sede e saciedade, por não saber identificá-los. Por isso, tiram a roupa e andam descalços, mesmo em dias muito frios. Ex: fazem isso em qualquer lugar e em público.

d) demonstram não terem medo de situações perigosas. Como exemplos, pulam de escadas altas, sobem e descem com agilidade em lugares altos, enfrentam animais perigosos e peçonhentos. Em contrapartida, a maioria teme coisas que são inofensivas, como folhas de uma planta, de um bibelô que enfeita sua casa ou um objeto de uma determinada cor.

e) apesar do “hiperfoco” (capacidade de se manter concentrado por longos períodos de tempo), os autistas encontram dificuldade em manter a concentração em tarefas simples. E, em geral, essas tarefas não são terminadas.

f) agem como surdos quando chamados pelo nome.

g) na maioria dos casos são calmos, mas teimosos. Porém, diante de algumas situações (sensibilidade a ruídos, luzes fortes e a mudanças inesperadas na sua rotina) podem ter acessos de raiva e se tornarem agressivos.

h) a maioria dos autistas apresentam movimentos motores estereotipados (estranhos). Esses movimentos são reflexos, inconscientes, involuntários e repetidos com uma certa frequência. Portanto, impossível de ser controlado. Estes movimentos diferem de um autista para o outro e não importa o grau.

São movimentos que nada tem a ver com expressões de alegria, tristeza, raiva ou outro sentimento qualquer, mas que chamam a atenção de qualquer observador.


3) DIFICULDADES NA COMUNICAÇÂO



a) Os de grau severo não falam, embora ouçam. Os de grau médio falam com dificuldade, geralmente com uma palavra e frase com duas ou três palavras. Os de grau leve falam com certa fluência, fazem uso de frases inteiras e com sentido. Mas todos encontram grande dificuldade em expressarem seus sentimentos por gestos ou pela própria fala. Pouco falam de si mesmos.




imagens - Google

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

OS GRAUS DO AUTISMO


Os graus do autismo ainda estão cercados de muitas dúvidas. Uma dessas dúvidas é a da existência ou não desses graus e como eles são avaliados.

Muitas dessas dúvidas decorrem das muitas mudanças que foram apresentadas nas várias publicações do DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais) e são realizadas pela Associação Psiquiátrica Americana. O objetivo desse manual aponta uma série de critérios que devem ser observados pelos médicos quando precisam diagnosticar as doenças mentais apresentadas de seus pacientes.

Quais são essas dúvidas? – você deve estar se perguntando. Já vimos em postagens anteriores a História do Autismo. Lendo essa História, você dever ter percebido na quantidade de nomes que o autismo já teve, não é mesmo? Só para lembrar: Transtorno Autista, Transtorno de Asperger, Transtorno Desintegrativo da Infância.

Todas essas mudanças na nomenclatura trazem uma insegurança em relação ao assunto, principalmente, para os pais de crianças autistas. É como se, apesar dos estudos realizados até hoje, parece que ninguém chegou a uma conclusão definitiva. Mas o assunto é difícil e complexo mesmo, que demanda tempo, muita observação e exames clínicos biológicos, psiquiátricos e neuropsicológicos.

A segunda mudança, é que o DSM-V quer enquadrar todos os tipos ou graus do autismo num único grupo. A primeira tentativa foi colocar tudo num grupo chamado Transtornos Globais do Desenvolvimento. Recentemente, essa nomenclatura foi modificada passando a ser chamado de TEA, ou seja, sigla do Transtorno do Espectro Autista.

A terceira mudança é que os médicos que se valem do DSM-V em seus diagnósticos, ficam em dúvida quanto aos vários subtipos que o autismo assume dependendo dos graus de severidade do transtorno. Sem contar que, em cada grau também há variações.

Devido a todas essas dúvidas, o grupo TEA (Transtorno do Espectro Autista) lança como critério de classificação: grau leve ou nível 1; grau moderado ou nível 2 e grau severo ou nível 3.


Segundo esse critério, o DSM-V pretende apoiar as necessidades de cada um, levando em conta: as dificuldades na comunicação, nos interesses restritos e comportamentos repetitivos. Em outras palavras, o que o manual pretende é considerar e atender as variações de dificuldades dos autistas compreendendo que cada autista é um ser único dentro do espectro do autismo. Para isso, os níveis falam da necessidade de apoio que os autistas devem receber.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

POR QUE "ESPECTRO" AUTISTA?


O termo surge a primeira vez em 1970, quando a psiquiatra inglesa Lorna Wing, conceitua o autismo como um “espectro de condições”, confirmando e reafirmando o trabalho de Hans Asperger, em 1981. Essa psiquiatra era mãe de um filho autista. Por isso, pesquisou e clinicou várias pessoas autistas. Wing defendia e compreendia essas pessoas e suas famílias. Considerava importante a defesa e compreensão dos autistas. Por isso, fundou o National Autistic Society (NAS) junto com Judith Gold e o Centro Lorna Wing.

Buscando entender o porquê o autismo foi ser nomeado de ESPECTRO recorremos ao dicionário. O significado desse termo é: fantasmagórico, imagem surreal, evocação obsedante, incorpórea, com a aparência de um fantasma.


E como esses significados se aplicam à definição do autismo? É mais ou menos assim: suponha que uma criança nasça e começa a se desenvolver perfeita e normalmente. Vira-se no berço, fixa a cabeça na posição ereta, alimenta-se bem, senta-se com ajuda e depois sozinha, engatinha, tenta ficar em pé, ensaia os primeiros passos e finalmente, consegue andar sozinha. 

A fala também segue sua caminhada. Assista ao vídeo com as fases de desenvolvimento da linguagem infantil do 0 a 5 anos, para reconhecer as diferentes fases pelas quais todas as crianças passam.


De repente, todos esses processos param de uma só vez. Ela fica calada, desinteressada, absorta em seus pensamentos, não responde aos chamados, nem se interessa pelo que era seu objeto de interesse anteriormente. Ou seja, não prossegue se desenvolvendo. Algumas não reconhecem os próprios pais.


E não há uma explicação sensata para isso. Não aparecem evidências em exames de imagens como tomografias, eletroencefalografias (ECG) ou outros exames mais caros. É mesmo como se um fantasma a atravessasse, bloqueasse tudo e não deixasse nenhum rastro de sua passagem. As crianças autistas com espectro mais severos ou mais graves agem como zumbis, vivendo alheios ao que está a seu redor. 


Mesmo as crianças com espectros mais moderados e leves (como os Aspergers) possuem comportamentos que saltam aos olhos. Os movimentos esteriotipados variam de criança para criança. Por isso, cada autista é único. 

Mesmo os que não apresentam esses movimentos é, em meio a outras crianças, que podemos perceber se há algo de anormal com determinada criança. E é somente por meio da observação das atitudes das crianças autistas que o diagnóstico é realizadoElas destoam na alegria, da vivacidade e na relação com os demais. 

E infelizmente, por agirem desta maneira, acabam se isolando ou sendo isoladas. 

domingo, 25 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 3



Em 1978, MICHAEL RUTTER, classifica o autismo baseado em quatro critérios:

a) no atraso e desvio social com associação à deficiência intelectual;

b) nos problemas de comunicação, também com vinculação ou associação à deficiência intelectual;

c) nos comportamentos incomuns (estereotipias ou maneirismos) e...

d) com início aos 30 meses de idade (2 a 3 anos). Este foi, portanto, um marco para o autismo, desvinculando-o de outras doenças de “não especificação e do transtorno mental”.

Ao assinalar essas 4 condições, Rutter estabelece os requisitos básicos para o diagnóstico do autismo. Com isso, altera-se mais uma vez o manual e apressa a publicação do DSM-III, em 1980, onde o autismo passa a ser reconhecido como TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TIDs) e do CID-10.

Como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), o autismo passa a ser visto como uma desorganização que afeta várias áreas do funcionamento cerebral e nas condições descritas por Rutter.


Em 1988, o psicólogo IVAR LOVAAS, da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), publica um estudo demonstrando que a terapia comportamental pode ajudar as crianças autistas e trazer uma nova esperança a seus pais. Esse estudo se baseia na análise do comportamento de crianças autistas de 4 a 5 anos de idade, mostrando que a precocidade do Tratamento ABA é mais benéfico do que se imagina, trazendo melhor condição de vida.

Entre os anos da década de 1980 a 1990, o DSM define de forma mais ampla o “autismo infantil”, que recebe mais um nome: “TRANSTORNO DE AUTISMO”. O papel da terapia comportamental, da fonoaudiologia, e com uso adequado do ambiente de aprendizagens altamente controlados passam a emergir como os principais tratamentos para todas as formas de autismo. E ainda estão abertas para novas terapias.

Em 1994, o DSM-IV abre a oportunidade para que novos critérios potenciais para o autismo sejam incluídos na TID, considerados válidos após estudo internacional e multicêntrico. Esse sistema de avaliação do DSM-IV e da CID-10 foi importante para evitar possíveis confusões entre pesquisadores e clínicos que trabalhavam em diferentes partes do mundo guiados por um ou por outro sistema de doenças.

Como vimos, definido como Transtorno Invasivo de Desenvolvimento, nomenclatura que foi usada por um bom tempo, estava baseada nos nos critérios de diagnóstico criados por Michael Rutter, registrados em 1978. Porém, a sociedade científica fazia duras críticas à essa definição e nos critérios com a alegação de ter sido veiculada  com base no caráter empírico, ou seja, na observação das pessoas com autismo e sem comprovação científica.

Para acabar com essa controvérsia, o DSM-IV adiciona a Síndrome de Asperger, ampliando o leque dos casos mais leves, onde as pessoas são mais funcionais, lançando como DSM-IV-TR (transformado) e que incluía novos conhecimentos sobre o autismo, a Síndrome de Asperger e outros tipos de TIDs. Garantia, no entanto, que as avaliações diagnósticas fossem realizadas com os critérios de Rutter.


Na Inglaterra, surge um médico que levanta a hipótese de que a vacina tríplice, poderia ser a causa do autismo. Novos experimentos foram realizados e o resultado foi de que a vacina nada tem a ver e de que não existe nenhuma relação com o autismo. E a hipótese foi descartada. Em 2013, o DSM-V e elimina todas as nomenclaturas anteriores do transtorno do autismo e lança um novo título: o TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 2



Nos anos posteriores a guerra, novos trabalhos sobre o autismo surgiram e analisavam vários aspectos da vida e do comportamento das pessoas autistas. Outros, estudaram o autismo à luz da biologia ou da genética.

Na década de 1950 a 1960, o estudo do autismo criou muita confusão. Todos os estudiosos afirmavam suas causas e consequências que iam desde a irresponsabilidade dos pais por amá-los demais até a famosa tese da hipótese da “mãe-geladeira”, que não ligava para o filho, fazendo com que os traumas por essa atitude o transformassem num autista. Outra hipótese era o trabalho das mães fora de casa e que não tinham tempo para cuidar do filho. As hipóteses eram tão absurdas que fez com que Leo Kanner saísse em defesa das mães. Alegou ter sido mal interpretado e termina escrevendo sobre isso num livro.

Mesmo percebendo que todas essas ideias eram infundadas, o estrago já havia sido feito, com as mães se culpando por um ou por outro motivo. Mas foram abandonadas a partir de 1960.

Ainda na mesma década, mais precisamente em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria inclui o autismo na primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-I). O DSM é manual que fornece a nomenclatura e critérios padrão para o diagnóstico dos transtornos mentais. Nesse manual, o autismo aparece como uma forma de esquizofrenia infantil.





No início da década de 1960, o psicanalista Bruno Bettelheim popularizou o nome do AUTISMO. Este é um termo alemão e deriva de “Autimus” que significa “aquele que se retira (ou se recolhe) em seu mundo próprio”. Na década de 1960, já havia um bom acervo de pesquisas, evidências e trabalhos científicos sobre o autismo e sobre o impacto que o autismo trazia para a vida das pessoas autistas e de seus cuidadores. Lembremos que o autismo ainda era considerado como esquizofrenia (loucura em alto grau) infantil.


Em 1965, um caso de autismo passou a chamar a atenção da comunidade científica. Temple Grandin, uma jovem autista norte-americana com Síndrome de Asperger, criou um dispositivo chamado “Máquina do Abraço”. Tratava-se de um aparelho que, quando pressionado, parecia abraçar como fazem as pessoas. E esta máquina a acalmava quando estava ansiosa ou nervosa. 


Assista ao filme sobre a história de Temple Grandin.

Ao terminar este video, existem 13 outros sobre autismo. 
Quem quiser, poderá assistí-los aqui mesmo.

Gradim se transformou numa profissional de sucesso, usando sua máquina no abate de animais na fazenda de sua família e, posteriormente, nas fazendas pelo mundo afora. Além da técnica, revolucionou os projetos de instalação, de manejo e cuidado de animais também usados no mundo todo. Grandin passou a fazer consultorias para indústrias pecuárias e palestras pelo mundo afora, além de explicar e reafirmar a importância dos autistas desenvolverem suas potencialidades.

A partir do estudo do caso de Grandin, Novas pesquisas sobre o autismo foram realizadas e muitas novas hipóteses foram levantadas. Numa delas, verificou-se que esse que o autismo está presente desde a infância (verificável entre 2 e 3 anos) e pode ser encontrado em todos os países do mundo e em qualquer grupo socioeconômico e étnico-racial. E uma nova edição do Manual Doenças Mentais (DSM-II, em 1968) e publicado considerando o autismo, como um “transtorno mental não especificado” em que predominam as psicodinâmicas psiquiátricas. Ou seja, o manual afirmava que o autismo passava a chamar de “não especificado”, por não ter causas claras e definidas.


Apesar de melhorar as condições do autismo, a mudança de patamar de categoria ainda mostrava que o autismo era visto como uma grande desorganização mental que gerava grande conflito como uma nos reflexos, como uma reação mal adaptada aos problemas da vida como acontece com as neuroses e psicoses. Novos estudos acontecem, uns querendo provar que o autismo estava ligado à esquizofrenia e outros, que queriam provar o contrário.