terça-feira, 4 de dezembro de 2018

POR QUE "ESPECTRO" AUTISTA?


O termo surge a primeira vez em 1970, quando a psiquiatra inglesa Lorna Wing, conceitua o autismo como um “espectro de condições”, confirmando e reafirmando o trabalho de Hans Asperger, em 1981. Essa psiquiatra era mãe de um filho autista. Por isso, pesquisou e clinicou várias pessoas autistas. Wing defendia e compreendia essas pessoas e suas famílias. Considerava importante a defesa e compreensão dos autistas. Por isso, fundou o National Autistic Society (NAS) junto com Judith Gold e o Centro Lorna Wing.

Buscando entender o porquê o autismo foi ser nomeado de ESPECTRO recorremos ao dicionário. O significado desse termo é: fantasmagórico, imagem surreal, evocação obsedante, incorpórea, com a aparência de um fantasma.


E como esses significados se aplicam à definição do autismo? É mais ou menos assim: suponha que uma criança nasça e começa a se desenvolver perfeita e normalmente. Vira-se no berço, fixa a cabeça na posição ereta, alimenta-se bem, senta-se com ajuda e depois sozinha, engatinha, tenta ficar em pé, ensaia os primeiros passos e finalmente, consegue andar sozinha. 

A fala também segue sua caminhada. Assista ao vídeo com as fases de desenvolvimento da linguagem infantil do 0 a 5 anos, para reconhecer as diferentes fases pelas quais todas as crianças passam.


De repente, todos esses processos param de uma só vez. Ela fica calada, desinteressada, absorta em seus pensamentos, não responde aos chamados, nem se interessa pelo que era seu objeto de interesse anteriormente. Ou seja, não prossegue se desenvolvendo. Algumas não reconhecem os próprios pais.


E não há uma explicação sensata para isso. Não aparecem evidências em exames de imagens como tomografias, eletroencefalografias (ECG) ou outros exames mais caros. É mesmo como se um fantasma a atravessasse, bloqueasse tudo e não deixasse nenhum rastro de sua passagem. As crianças autistas com espectro mais severos ou mais graves agem como zumbis, vivendo alheios ao que está a seu redor. 


Mesmo as crianças com espectros mais moderados e leves (como os Aspergers) possuem comportamentos que saltam aos olhos. Os movimentos esteriotipados variam de criança para criança. Por isso, cada autista é único. 

Mesmo os que não apresentam esses movimentos é, em meio a outras crianças, que podemos perceber se há algo de anormal com determinada criança. E é somente por meio da observação das atitudes das crianças autistas que o diagnóstico é realizadoElas destoam na alegria, da vivacidade e na relação com os demais. 

E infelizmente, por agirem desta maneira, acabam se isolando ou sendo isoladas. 

domingo, 25 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 3



Em 1978, MICHAEL RUTTER, classifica o autismo baseado em quatro critérios:

a) no atraso e desvio social com associação à deficiência intelectual;

b) nos problemas de comunicação, também com vinculação ou associação à deficiência intelectual;

c) nos comportamentos incomuns (estereotipias ou maneirismos) e...

d) com início aos 30 meses de idade (2 a 3 anos). Este foi, portanto, um marco para o autismo, desvinculando-o de outras doenças de “não especificação e do transtorno mental”.

Ao assinalar essas 4 condições, Rutter estabelece os requisitos básicos para o diagnóstico do autismo. Com isso, altera-se mais uma vez o manual e apressa a publicação do DSM-III, em 1980, onde o autismo passa a ser reconhecido como TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TIDs) e do CID-10.

Como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), o autismo passa a ser visto como uma desorganização que afeta várias áreas do funcionamento cerebral e nas condições descritas por Rutter.


Em 1988, o psicólogo IVAR LOVAAS, da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), publica um estudo demonstrando que a terapia comportamental pode ajudar as crianças autistas e trazer uma nova esperança a seus pais. Esse estudo se baseia na análise do comportamento de crianças autistas de 4 a 5 anos de idade, mostrando que a precocidade do Tratamento ABA é mais benéfico do que se imagina, trazendo melhor condição de vida.

Entre os anos da década de 1980 a 1990, o DSM define de forma mais ampla o “autismo infantil”, que recebe mais um nome: “TRANSTORNO DE AUTISMO”. O papel da terapia comportamental, da fonoaudiologia, e com uso adequado do ambiente de aprendizagens altamente controlados passam a emergir como os principais tratamentos para todas as formas de autismo. E ainda estão abertas para novas terapias.

Em 1994, o DSM-IV abre a oportunidade para que novos critérios potenciais para o autismo sejam incluídos na TID, considerados válidos após estudo internacional e multicêntrico. Esse sistema de avaliação do DSM-IV e da CID-10 foi importante para evitar possíveis confusões entre pesquisadores e clínicos que trabalhavam em diferentes partes do mundo guiados por um ou por outro sistema de doenças.

Como vimos, definido como Transtorno Invasivo de Desenvolvimento, nomenclatura que foi usada por um bom tempo, estava baseada nos nos critérios de diagnóstico criados por Michael Rutter, registrados em 1978. Porém, a sociedade científica fazia duras críticas à essa definição e nos critérios com a alegação de ter sido veiculada  com base no caráter empírico, ou seja, na observação das pessoas com autismo e sem comprovação científica.

Para acabar com essa controvérsia, o DSM-IV adiciona a Síndrome de Asperger, ampliando o leque dos casos mais leves, onde as pessoas são mais funcionais, lançando como DSM-IV-TR (transformado) e que incluía novos conhecimentos sobre o autismo, a Síndrome de Asperger e outros tipos de TIDs. Garantia, no entanto, que as avaliações diagnósticas fossem realizadas com os critérios de Rutter.


Na Inglaterra, surge um médico que levanta a hipótese de que a vacina tríplice, poderia ser a causa do autismo. Novos experimentos foram realizados e o resultado foi de que a vacina nada tem a ver e de que não existe nenhuma relação com o autismo. E a hipótese foi descartada. Em 2013, o DSM-V e elimina todas as nomenclaturas anteriores do transtorno do autismo e lança um novo título: o TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

HISTÓRICO DO AUTISMO – parte 2



Nos anos posteriores a guerra, novos trabalhos sobre o autismo surgiram e analisavam vários aspectos da vida e do comportamento das pessoas autistas. Outros, estudaram o autismo à luz da biologia ou da genética.

Na década de 1950 a 1960, o estudo do autismo criou muita confusão. Todos os estudiosos afirmavam suas causas e consequências que iam desde a irresponsabilidade dos pais por amá-los demais até a famosa tese da hipótese da “mãe-geladeira”, que não ligava para o filho, fazendo com que os traumas por essa atitude o transformassem num autista. Outra hipótese era o trabalho das mães fora de casa e que não tinham tempo para cuidar do filho. As hipóteses eram tão absurdas que fez com que Leo Kanner saísse em defesa das mães. Alegou ter sido mal interpretado e termina escrevendo sobre isso num livro.

Mesmo percebendo que todas essas ideias eram infundadas, o estrago já havia sido feito, com as mães se culpando por um ou por outro motivo. Mas foram abandonadas a partir de 1960.

Ainda na mesma década, mais precisamente em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria inclui o autismo na primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-I). O DSM é manual que fornece a nomenclatura e critérios padrão para o diagnóstico dos transtornos mentais. Nesse manual, o autismo aparece como uma forma de esquizofrenia infantil.





No início da década de 1960, o psicanalista Bruno Bettelheim popularizou o nome do AUTISMO. Este é um termo alemão e deriva de “Autimus” que significa “aquele que se retira (ou se recolhe) em seu mundo próprio”. Na década de 1960, já havia um bom acervo de pesquisas, evidências e trabalhos científicos sobre o autismo e sobre o impacto que o autismo trazia para a vida das pessoas autistas e de seus cuidadores. Lembremos que o autismo ainda era considerado como esquizofrenia (loucura em alto grau) infantil.


Em 1965, um caso de autismo passou a chamar a atenção da comunidade científica. Temple Grandin, uma jovem autista norte-americana com Síndrome de Asperger, criou um dispositivo chamado “Máquina do Abraço”. Tratava-se de um aparelho que, quando pressionado, parecia abraçar como fazem as pessoas. E esta máquina a acalmava quando estava ansiosa ou nervosa. 


Assista ao filme sobre a história de Temple Grandin.

Ao terminar este video, existem 13 outros sobre autismo. 
Quem quiser, poderá assistí-los aqui mesmo.

Gradim se transformou numa profissional de sucesso, usando sua máquina no abate de animais na fazenda de sua família e, posteriormente, nas fazendas pelo mundo afora. Além da técnica, revolucionou os projetos de instalação, de manejo e cuidado de animais também usados no mundo todo. Grandin passou a fazer consultorias para indústrias pecuárias e palestras pelo mundo afora, além de explicar e reafirmar a importância dos autistas desenvolverem suas potencialidades.

A partir do estudo do caso de Grandin, Novas pesquisas sobre o autismo foram realizadas e muitas novas hipóteses foram levantadas. Numa delas, verificou-se que esse que o autismo está presente desde a infância (verificável entre 2 e 3 anos) e pode ser encontrado em todos os países do mundo e em qualquer grupo socioeconômico e étnico-racial. E uma nova edição do Manual Doenças Mentais (DSM-II, em 1968) e publicado considerando o autismo, como um “transtorno mental não especificado” em que predominam as psicodinâmicas psiquiátricas. Ou seja, o manual afirmava que o autismo passava a chamar de “não especificado”, por não ter causas claras e definidas.


Apesar de melhorar as condições do autismo, a mudança de patamar de categoria ainda mostrava que o autismo era visto como uma grande desorganização mental que gerava grande conflito como uma nos reflexos, como uma reação mal adaptada aos problemas da vida como acontece com as neuroses e psicoses. Novos estudos acontecem, uns querendo provar que o autismo estava ligado à esquizofrenia e outros, que queriam provar o contrário.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

HISTÓRIA DO AUTISMO - parte 1


O autismo sempre esteve presente em todas as eras anteriores. Portanto, não é uma condição que seja considerada como uma novidade. O que ocorre é que nas eras primitivas os autistas mais severos, os deficientes (de todos os tipos), os doentes mentais e os idosos eram deixados para morrer à míngua ou jogados de precipícios por uma questão de sobrevivência. Na Idade antiga eram, simplesmente, mortos.


Nas Idades Média e Moderna eram colocados nas rodas dos enjeitados ou viviam em cárceres privados dentro de suas próprias casas e em condições humilhantes. As famílias sentiam-se envergonhadas por terem um ou mais filhos deficientes ou loucos.

Nestas épocas, era uma crença comum de que a família havia cometido um pecado contra Deus e o filho (deficiente ou louco) era o castigo que devia redimi-los desse pedado. Daí a “vergonha”, que ninguém queria assumir ou aceitar. Portanto, o melhor a ser feito era escondê-los de todos.

Em 1908, portanto no século XX, o psiquiatra suíço EUGEN BLEULER estuda pela primeira vez o autismo e descreve os sintomas associando-o a esquizofrenia, termo grego cujas raízes são de “autos” que significava “eu”.

Em 1943, um psiquiatra austríaco que morava nos EUA, chamado LEO KANNER, diretor da psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins, fez vários estudos sobre o caso de 11 pacientes autistas e publica os resultados num livro denominado “DISTÚRBIOS AUTÍSTICOS DO CONTATO AFETIVO”. Em seu livro, Kranner informa que seus pacientes tinham isolamento extremo desde o início da vida, como uma característica comum.  Afirmava também que todos gostavam de uma coisa de forma obsessiva (mesmice) e as conservavam por longo tempo. Kranner chamou esse comportamento de “AUTISMO INFANTIL PRECOCE”, já que essa “obsessão” começava na primeira infância.

Observou ainda que seus pacientes reagiam de forma incomum ao ambiente. A maioria tinha: movimentos motores estereotipados (maneirismos incomuns), resistência à mudanças, uma insistência na monotipia (uma só cor) e habilidades incomuns na comunicação com uma tendência ao eco na linguagem (a ecolalia). Enfatiza em suas observações, a predominância de um déficit de relacionamento social e dos comportamentos incomuns.

Apesar de conhecido no meio científico, o autismo não era conhecido no meio social, ou seja, não era um conhecimento que atingia a todas as pessoas da sociedade.

Na mesma época de Kranner, o psiquiatra e pesquisador austríaco HANS ASPERGER, também estudava o autismo. E, em 1945, publica o artigo “A PSICOPATIA AUTISTA NA INFÂNCIA”. Nesse artigo, Asperger afirma que observou padrões de comportamentos e habilidades diferentes dos descritos por Kranner, apesar de que os meninos eram os mais afetados e apresentavam deficiências sociais graves como: falta de empatia (colocar-se no lugar do outro), baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral (só uma pessoa falava) e movimentos motores descoordenados. Mas que tinham intenso foco em assuntos de interesses especiais (números, palavras, animais, flores etc) e uma aparente desenvoltura no falar desses assuntos de seus interesses (que ele chamou de precocidade verbal). Asperger os comparou com “pequenos professores”, devido a habilidade de falar com detalhes sobre o tema escolhido.

Esse artigo foi pouco lido na época devido a problemas políticos ligados à Segunda Guerra Mundial. Porém, a partir de 1980, foi encontrado, reconhecido o seu valor como um dos pioneiros no estudo do autismo. Por isso, pessoas autistas com grandes habilidades são diagnosticadas com “Síndrome de Asperger” como reconhecimento a este estudioso do assunto.

continua

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O DIAGNÓSTICO DO AUTISMO



Os pais devem ficar muito atentos. Alguns destes comportamentos ou sintomas podem passar despercebidos. Isto porque o autismo tem variações de gravidade (espectro) e podem ser: 



a)  graves (onde a criança perde o controle de si mesma e parece se desconectar da realidade, como é apresentado em alguns filmes); 



b) moderados (quando a criança perde algumas funções (sociais ou comportamentais e preserva a fala embora um tanto alterada (ecolalia – repetição do que ouve ou da compreensão do que lhe é pedido, ou outras combinações); 



c) leve (quando os pais têm dificuldade em desconfiar de que algo de errado acontece com ela). 

Nestes casos, os sintomas ou comportamentos alterados aparecem entre 2 e 3 anos. Nunca depois disso, informam os estudiosos. Portanto, observada qualquer modificação no comportamento ou na comunicação e na sociabilidade que a criança não apresentava antes, os pais devem levá-las ao psiquiatra (profissional mais competente para esse diagnóstico) e explicar o que está ocorrendo.


A criança passará por uma série de testes (psicológicos, psiquiátricos, neurológicos, comportamentais, fonoaudiológicos) antes de obter o resultado.  Esses exames são minuciosos, complexos e demorados. Isto porque, existem doenças que apresentam sintomas de comportamento, interação social e de comunicação. Mas o nível desses sintomas, embora parecidos com os do autismo, se apresentam um nível inferior e podem ser encarados como timidez excessiva, falta de atenção ou excentricidade. Por isso precisam ser descartados. Por fim, o resultado sai e pode confirmar, suspeitar ou descartar o autismo. Uma vez confirmado, é chegado o momento de dar início ao tratamento.


equipe multidisciplinar

É preciso dizer que o autismo não tem cura. Uma vez autista, a pessoa será autista até o final de sua vida. No entanto, quanto mais cedo se inicia o tratamento, mais condições essa pessoa terá de agir e de interagir com outras pessoas, estudar e trabalhar no futuro.


Durante o tratamento, se for o caso, podem ser prescritos o uso de alguns medicamentos, sessões de fonoaudiologia para melhorar a fala e a comunicação, terapias de comportamento para facilitar a vida cotidiana, e terapias de grupo para facilitar e melhorar a socialização. Desde que o tratamento seja adequado a cada caso, pode facilitar os cuidados com a criança e o trabalho dos pais.


QUANTO MAIS CEDO FOR O DIAGNÓSTICO E O INÍCIO DO TRATAMENTO DO AUTISTA, MELHOR É SUA QUALIDADE DE VIDA.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

CAUSAS DO AUTISMO

Muito se tem estudado o autismo com o objetivo de determinar suas causas. No entanto, ainda pouco se sabe. O que se suspeita é que vários fatores podem influenciar com maior ou menor força para que o autismo aconteça.

DNA

O FATOR GENÉTICO é um dos prováveis. O fator genético, hereditário ou não, pode causar algumas anomalias como a deficiência intelectual e a anormalidade cognitiva. Observa-se que, os autistas apresentam cérebros maiores e mais pesados fazendo com que as conexões nervosas entre as células cerebrais funcionem de forma irregular ou deficiente.


O FATOR AMBIENTAL é outro fator bastante estudado. Acredita-se que certos vírus, contraídos pelas mães durante a gestação, principalmente na primeira quinzena quando o cérebro do bebê está se formando ou a ingestão de alimentos contaminados por algumas substâncias tóxicas (como o chumbo e o mercúrio) possam ter efeito no desenvolvimento do autismo. Tanto os vírus como as substâncias tóxicas podem criar anormalidades cromossômicas como o desaparecimento ou duplicação do cromossomo 16. Podem ser considerados como fatores ambientais: o ambiente familiar, complicações durante a gravidez ou no momento do parto.

Outro fator que vem sendo estudado são as ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS do organismo, caracterizado pelo excesso de serotonina no sangue dos autistas. Neste fator ainda inclui algumas vacinas e o excesso de ácido fólico tomado para reposição do organismo materno, durante a gravidez. No entanto ainda não existem conclusões definitivas e mais pesquisas estão em andamento para comprovar ou eliminar esta hipótese.

COMO RECONHECER UM AUTISTA?

Reconhecer um autista depende em primeiro lugar da OBSERVAÇÃO dos pais ou de parentes próximos. É importante observar porque a criança para de fazer o vinha fazendo e adota uma postura de indiferença.

 
                                             antes                      e                   depois

São as COMPARAÇÕES ENTRE O ANTES E O DEPOIS que determina se há ou não alguma irregularidade. Se antes ela sorria e depois deixa de sorrir sem um motivo aparente; se ela desvia o olhar quando antes era comum ela manter o olhar; se ela evita estar junto com as pessoas e agora ela se afasta sem que nada ou ninguém tenha provocado esse isolamento; se antes era notório que ela ficava alegre com a chegada de alguém e agora ela fica impassível; se antes ela brincava de fazer caretas e agora não faz mais; e por fim, se aparecem movimentos estranhos, repetitivos, desconexos com a realidade dela e se antes não tinha, provavelmente há algo errado com ela.


Os autistas logo de início apresentam DIFICULDADES DE INTERAÇÃO com as pessoas (independe da idade e do sexo dessas pessoas). Quando se fala de interação, fala-se dos gestos, dos contatos visuais, da expressão facial, da dificuldade em fazer amigos.
Os autistas apresentam PREJUÍZO NAS COMUNICAÇÕES. Suponha que a criança estava começando a falar, a pedir coisas, a reclamar com choro por algo que lhe aconteceu de fato e de repente, não faz mais. Olha, olha e não diz nada ou não lembra como deve dizer, Se conversa e não mantém a conversação de modo coerente, ou se repete tudo o que você diz a ela e isso passa a ser uma ação corriqueira, é DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO. Se ela se machuca e costumava chorar, e agora fica impassível diante do mesmo fato, ou se ficava brava quando lhe tiravam seu brinquedo favorito e agora fica indiferente, é DIFICULDADE DE EXPRESSAR SENTIMENTOS.

Os autistas, na maioria deles, assume alterações de comportamento. Por exemplo: se ela gostava de brincar com um carrinho vermelho, e de repente e sem motivo, não brinca mais. Se brincava de faz de conta e agora não sabe brincar, se estava brincando com o tal carrinho sobre um móvel e o carrinho cai no chão e ele não o procura para continuar a brincadeira; se aparecem manias como: chacoalhar as mãos; ficar olhando para objetos com movimentos rotatórios com grande interesse por horas; se fica muito irritado e incomodado com luz forte ou com um som alto e forte; ou outros de forma que causem estranheza e chamam a atenção, configuram-se como ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO.

Se um ou mais destes sintomas permanecerem por mais de dois ou três meses, procure um médico. Com certeza, há algo de errado com essa criança. Nenhum destes sintomas aparecem todos de um dia para outro. Portanto, quando se observa o comportamento de uma criança, é preciso anotar o dia e o resumo do fato e dizê-los ao médico ao consultá-lo.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA?


Há algum tempo atrás falamos sobre os vários tipos de deficiências intelectuais. No entanto, faltou um transtorno a ser dito: o do Transtorno do Espectro Autista. Não porque não quiséssemos falar dele, mas porque outros assuntos se tornaram prioridades no momento. Mas agora chegou a oportunidade.


QUE TRANSTORNO É ESSE?

O transtorno do espectro autista (mais conhecido como “autismo”) é uma disfunção do desenvolvimento humano. Inicia na infância (até os 3 anos de idade) e se caracteriza por haver um déficit na comunicação, nas interações sociais e no comportamento.


Na maioria dos casos, a criança nasce bem e começa a se desenvolver normalmente. De repente, a criança deixa de se comunicar e interagir com as pessoas ao seu redor. Seu comportamento muda: fica mais quieta, parece absorta. Deixa de atender ou se virar quando é chamada, perde o interesse por coisas que antes a deixava ativa, restringe as atividades e passa a usar movimentos repetitivos. Para uns, esta mudança ocorre entre um ano a dois de idade é mais difíceis de ser observado ou de ser diagnosticado. Para outros, entre os dois e três anos.

Muitos autistas podem apresentar problemas de fala (uns falam e outros não), dificuldade em expressar seus pensamentos e/ou sentimentos, sentir mal-estar por se ver cercado por outras pessoas (crianças ou adultos), ter dificuldade em olhar nos olhos das pessoas e apresentar movimentos estranhos e incomuns constantes e repetitivos.

Há outros comportamentos que são mais variados e dependem de cada criança. Por exemplo, gostar de ficar observando objetos que fazem movimentos giratórios, gostar de todo tipo de animais, inclusive dos peçonhentos, sentir pavor de vegetais como folhas e todas as espécies de plantas, de subir ou descer escadas, sentir-se mal com ruídos fortes e entre outros. 


Em contrapartida, outros encontram uma enorme facilidade para memorizar números, palavras, marcas de carros ou qualquer outra coisa. Porém, todas estas habilidades são bastante estranhas e incomuns, em comparação com outras crianças da mesma idade.


Normalmente, as pessoas acreditam ou pensam que os autistas não estabelecem vínculos afetivos duradouros com pessoas, mas fazem sim. Só que não são com todas as pessoas, mas com aquelas que eles se sentem bem, se sentem respeitados, que deixam eles serem mais independentes do que aqueles que querem que sigam as regras convencionais. Mas principalmente em quem lhes inspiram confiança. Exemplifico. Não adianta querer que os autistas fiquem sentados na sala de aula, prestando atenção e fazendo as tarefas. Eles até podem ficar por alguns minutos, mas logo precisam levantar ou sair da sala, dar uma caminhada. Depois voltam, fazem alguma coisa e tornam a sair.

O grau de afetividade dos autistas é considerado satisfatório. E para isso, precisam ser estimulados e orientados desde a descoberta do autismo. Porém, do mesmo jeito que se apegam, o esquecimento também é rápido.

Os autistas pré-adolescentes ou adolescentes manifestam interesse pela sexualidade devido aos hormônios e as mudanças corporais da mesma forma que ocorre com os não autistas, porque a biologia corporal segue seu curso, independente do fato de serem autistas. É preciso ensinar como flertar, paquerar e namorar. Explicar sobre o namoro, casamento, família e filhos e as implicações que essas coisas trazem para o casal, como por exemplo, a vida do casal, momento de terem filhos, custos, aleitamento, mudanças corporais durante a gravidez, comportamento dos pais etc. 

Todos nós passamos por isso. E nossos pais ou alguém de confiança nos dá ou deu essas explicações. Se não temos ninguém por perto, podemos pesquisar num livro ou na Internet para obtermos uma resposta. Com os autistas é diferente, por terem mentes mais literais e concretas. É preciso que essas explicações sejam dadas por alguém em quem eles confiem muito (geralmente, os pais). E do seu jeitinho de serem, vão assimilando aos poucos e superando o problema.

Desses conhecimentos é que surgem: o amadurecimento emocional e a autoestima. O amadurecimento emocional é essencial para um relacionamento duradouro tanto para os autistas como para os não autistas.